Numa iniciativa da Biblioteca Escolar, em parceria com os docentes de Português, e com o patrocínio do grupo Leya, a escola sede recebeu o artista Kalaf Angelo, no dia 13 de março.
As turmas do 10º e 11º anos tiveram o privilégio de conhecer este músico e escritor, que conta com um livro publicado, Estórias de amor para meninos de cor", na editora Caminho.
As turmas do 10º e 11º anos tiveram o privilégio de conhecer este músico e escritor, que conta com um livro publicado, Estórias de amor para meninos de cor", na editora Caminho.
Este livro é o resultado da compilação das crónicas que assina sob o título “Um dia qualquer", no jornal Público, desde 2008,
tratando-se de um dos poucos africanos que escreve na imprensa portuguesa. Nestas
crónicas, escreve sobre as suas raízes angolanas, a música, os amigos, os lugares por onde passa, a cidade onde vive atualmente, Lisboa, e sobre a vida nas mais diversas dimensões.
Num ambiente descontraído e bem-humorado, a assistência ficou a conhecer um pouco mais da sua sensibilidade artística, não apenas como escritor, mas também enquanto poeta e músico. Não deixou também de ser questionado enquanto editor discográfico e vocalista do internacionalmente reconhecido projeto, "Buraka Som Sistema".
O nosso especial agradecimento ao Kalaf, pela agradável manhã que nos proporcionou.
Ficamos à espera dos próximos livros que planeia editar, um romance e um livro de contos!
Excerto de uma crónica:
Gosto do
risco que correm os que acreditam na construção de coisas belas, gosto do tempo
que dedicam à procura da subtileza e da melodia das palavras simples, palavras
que estão na boca de todos, mas que, quando reveladas pelas suas, parecem
afetar-nos mais gravemente. Gosto do gosto luso pelas palavras, suas histórias
sobre o amor, a perda e a saudade. Gosto de verbos redondos; gosto de formas,
estilos. Sotaques, erros e hesitações. Gosto da certeza frágil e da certeza
exata.
Há dias em
que me abandono na tentativa de entender os agenciamentos e as estratégias que
estão por detrás de cada movimento artístico e, movido por uma alegria quase
infantil, me deixo levar por todos eles. Parto em busca do improviso, do
terminar e do recomeçar de novo. Gosto da forma como ouvimos música, uma
canção, um refrão, um mp3. A sós ou a três, com uma multidão digital ou no
escuro de uma sala “ao vivo”, entre eles e nós, a boca de cena. “Essa é a minha
cena.” (…)
“ O gosto”, in Estórias de amor
para meninos de cor, p. 36
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